Alô, juízes de plantão! Criticadores da vida alheia! Não, não é pra você, mas acredito que você pensou em uma ou algumas pessoas que podem levar esse título de julgar os outros, certo?
Quem nunca? A gente adora uma boa espiada na vida dos outros… Faz parte da nossa natureza humana, e sejamos sinceros: é BEM mais fácil criticar as escolhas alheias do que encarar o próprio caos pessoal.
Seja no trabalho, em um almoço de família ou no scroll infinito das redes sociais, o julgamento está presente. E, claro, é sempre mais fácil olhar para o outro e criticar suas escolhas, enquanto ignoramos nossos próprios erros.
Afinal, apontar o dedo para o vizinho dá uma sensação de conforto momentâneo, uma ilusão de que a nossa vida está mais em ordem do que realmente está.
Por que gostamos tanto de julgar os outros?
Essa é uma pergunta complexa, mas a resposta, na verdade, é bastante simples: julgar é uma defesa emocional.
Imagine a cena: você sentado no sofá, com um prato de macarrão instantâneo porque esqueceu de fazer supermercado (de novo), e de repente escuta uma gritaria do lado de fora. O vizinho e a esposa estão brigando por algo que, obviamente, não é da sua conta.
Mas o que você faz? Levanta-se da cadeira como se fosse a CSI da vizinhança, encosta o ouvido na parede e começa a formular mil teorias sobre o relacionamento deles. “Eu sabia que esse casamento estava com os dias contados… Coitado do Carlos, a Luana deve ser insuportável!”
E o mais engraçado? Você provavelmente já tretou hoje porque esqueceu a toalha molhada em cima da cama e está com boleto de luz atrasado, mas né… vamos fingir que a vida do Carlos e da Luana é o que realmente importa aqui.
Quando criticamos alguém, aliviamos temporariamente as inseguranças que temos sobre nós mesmos. É como um antídoto para a autocrítica, algo que nos ajuda a colocar a atenção nos erros e falhas alheios, sem que precisemos confrontar nossos próprios defeitos.
Na verdade, o ato de julgar os outros pode ser visto como uma projeção. Criticamos no outro aquilo que, no fundo, nos incomoda em nós mesmos. Quando condenamos alguém por sua falta de organização, pode ser que estejamos reprimindo o fato de que nossa própria vida está uma bagunça. É um ciclo de autossabotagem, só que, ao invés de lidar com nossas próprias falhas, jogamos o peso nos ombros do outro.
Hipocrisia ao Julgar os Outros: O clássico “sujo falando do mal lavado”
Suponhamos que você seja um crítico alheio, e goste de destilar um comentário inocente em um post sobre “gratidão pelo novo carro”, “viagem para Bali” ou “acabei de começar minha nova dieta detox com água de coco orgânico”…e daí você já começa a revirar os olhos. “Ai, me poupe, Francine! Aposto que esse carro novo é financiado em 87 parcelas…”
Ok, se for, qual o problema né?
E aí está você, julgando a Francine, enquanto seu próprio carro tá no mecânico pela TERCEIRA VEZ porque você ignorou o barulho estranho no motor por semanas. Mas claro, o importante é que a Francine não tem moral para falar de carro.
Parece ser inveja, e sim, pode ser um misto de inveja e julgamento e crítica com não-tem-mais-o-que-fazer.
Porque é Mais Fácil Julgar que Resolver Nosso Próprio Caos
Olha, eu entendo… Realmente é muito mais confortável dar opinião na bagunça dos outros do que colocar ordem na nossa.
O vizinho que brigou com a esposa é “um fracasso”, o amigo que está sempre trocando de emprego “não sabe o que quer da vida” e o colega de trabalho que almoça fast food todos os dias “não cuida da saúde.”
Mas e você? Quantos pratos você já deixou na pia acumulando hoje? Vamos ser realistas: a nossa própria bagunça é mais feia quando a gente olha de perto.
E essa é a grande sacada.
Criticar os outros é quase uma distração da nossa própria realidade.
Porque, veja bem, enquanto você está ali criticando a Francine, pelo menos não está pensando no quanto você ainda tem que arrumar na sua própria vida.
Está fugindo de quê?
E por falar nisso… lembra daquela promessa de ano novo de começar a academia? Pois é… tá na mesma gaveta dos boletos não pagos.
O Grande Privilégio de Não Estar no Holofote
Sabe o que é o mais IRÔNICO nessa história toda? O grande alívio de criticar os outros é o fato de que não estamos sendo criticados no momento.
É um descanso para o nosso ego: enquanto falamos do fracasso alheio, ninguém está falando do nosso (ou você acha que não). E isso traz uma sensação de… controle? Pode ser.
Afinal, se eu posso falar das escolhas ruins do meu amigo, então significa que as minhas escolhas são melhores. Né?
ERRADO.
Porque, enquanto você está rindo da decisão do seu primo de largar tudo e virar DJ de festa infantil, você está procrastinando seu próprio sonho, talvez de abrir uma cafeteria (aquele que você diz que vai começar “em breve” desde 2018).
Mas tá tudo bem… porque não é disso que estamos falando agora, né? O foco tá no outro e criticar o outro.
A Realidade Não é Bonita – Mas Faz Parte
Chega uma hora que a gente tem que encarar a verdade. Julgar a vida dos outros é praticamente uma fuga.
Claro, às vezes é divertido, especialmente quando é sobre alguém que faz questão de ser irritantemente perfeito nas redes sociais (ah, a deliciosa vingança de ver o ‘perfeito’ escorregar). Mas, na maior parte das vezes, é só uma distração para o nosso medo de olhar para dentro. Porque encarar nosso caos dá trabalho… e dói.
E vamos combinar, todo mundo tá meio perdido. Sejamos honestos: a vida de adulto não veio com manual de instrução, e se veio, eu certamente joguei o meu fora junto com o senso de organização.
Aceitando Que a Vida é Uma Bagunça Coletiva
Quando você começa a perceber que TODO MUNDO tem seus próprios problemas, a crítica começa a perder a graça. Sabe aquele seu amigo que parece estar com a vida perfeita? Pois é… o feed não mostra o que acontece nos bastidores. O cara que você inveja porque mora numa casa linda? Tá com o cartão de crédito no limite e brigando com o banco. Aquela amiga que vive postando fotos sorridentes com o namorado? Talvez tenha rolado uma discussão 5 minutos antes da selfie.
E adivinha? Não é um problema seu! Aceitar que a vida de ninguém é tão perfeita quanto parece dá uma paz… quase como se você tivesse acabado de meditar por 10 horas (só que sem o incômodo de ter que ficar parado tanto tempo).
Por que temos a tendência de minimizar as conquistas alheias?
A verdade é que a maioria de nós tem dificuldade de celebrar as vitórias dos outros. Ao invés de reconhecer o esforço e mérito alheio, nos apressamos em desmerecer as conquistas com comentários do tipo “ele deu sorte” ou “foi porque puxou o saco”.
Isso acontece porque, na maioria das vezes, estamos inseguros sobre nossas próprias realizações. Em vez de encarar nossas falhas e limitações, preferimos criticar e minimizar o sucesso do outro. É uma maneira de proteger nosso ego. Afinal, se o sucesso de alguém é mérito dele, o que isso diz sobre o nosso fracasso? É mais confortável pensar que o outro só chegou onde chegou porque teve alguma vantagem, e não porque se esforçou.
E essa mentalidade é perigosa. Além de nos afastar de possíveis fontes de inspiração e aprendizado, também nos prende em uma mentalidade de escassez. Como se o sucesso de outra pessoa significasse a nossa derrota. A verdade é que o sucesso de alguém não diminui suas chances de sucesso. Pelo contrário, pode ser um lembrete de que também podemos conquistar grandes coisas, se estivermos dispostos a fazer o trabalho.
Comparação: A raiz do julgamento
Se tem uma coisa que alimenta o julgamento, é a comparação. É só abrir o Instagram por cinco minutos e já começamos a comparar nossas vidas com as dos outros. Vemos aquele amigo que parece estar sempre viajando, a colega de trabalho que foi promovida, ou o vizinho que acabou de comprar um carro novo, e de repente sentimos que estamos ficando para trás.
A comparação é o combustível do julgamento. E, nas redes sociais, essa comparação fica ainda mais tóxica, porque ninguém posta os momentos difíceis. Você só vê a vitória, não as noites mal dormidas, as horas extras ou os sacrifícios feitos para chegar lá. Então, julgamos, criticamos, e alimentamos uma falsa narrativa de que o sucesso dos outros é fácil e sem mérito.
Uma Dica Prática Para a Sua Sanidade: Olhe para o Seu Lado da Cerca
Ok, você já entendeu que julgar os outros não resolve os seus problemas e só faz você parecer hipócrita. Mas como evitar esse hábito? Aqui vão algumas sugestões que podem ajudar (ou pelo menos fazer você pensar duas vezes antes de criticar):
- Olhe pro seu próprio rabo antes de criticar
Antes de começar a falar mal de alguém, pare e pergunte-se: “Será que eu faria diferente?” A resposta, na maioria das vezes, é “não”. Se o sujo soubesse o quanto é mal lavado, talvez parasse de falar dos outros. - A vida nas redes sociais é só um trailer, não o filme inteiro
As pessoas só mostram o que querem. Lembre-se de que, por trás daquela foto linda de viagem, pode haver muito estresse, dívida e problemas pessoais que não aparecem no feed. - Aceite que o problema pode ser você
Às vezes, o incômodo que sentimos ao ver o sucesso alheio diz mais sobre nós do que sobre a pessoa. Antes de criticar, talvez seja hora de olhar no espelho e ver o que realmente está incomodando. - Foque na sua própria vida
Julgar os outros não vai melhorar sua situação. Então, que tal gastar essa energia resolvendo seus próprios problemas, ao invés de se preocupar com os dos outros?
O julgamento alheio é uma prática tão antiga quanto a própria humanidade. E, sejamos honestos, parar de julgar completamente é praticamente impossível. Mas, se podemos tentar ser menos hipócritas e mais conscientes de nossos próprios defeitos, já é um bom começo.
No final das contas, o sucesso ou fracasso dos outros não afeta a sua vida. E talvez, da próxima vez que você estiver prestes a julgar alguém, lembre-se que o sujo falando do mal lavado nunca foi um bom exemplo de sabedoria.
E aí, já se olhou no espelho hoje?